Alta da economia e forró empurram times do sertão na Série B

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Após contar com locomotivas como Corinthians (2008) e Vasco (2009) e perder mais dois campeões brasileiros --Coritiba e Bahia subiram no ano passado--, a Série B do Nacional começa nesta sexta-feira puxada por um trio dos rincões da região que mais cresce no país.

Arte/Folha
arte - Trio nordestino

O Nordeste foi chamado ontem, pela revista semanal inglesa "The Economist", de "a estrela da economia do Brasil". E é de lá que despontam os times Salgueiro-PE, Asa de Arapiraca-AL e Icasa de Juazeiro do Norte-CE.

"Todos tivemos os nossos próprios méritos, mas é claro que o crescimento de cada cidade, devido aos recentes avanços sociais, contribuiu bastante", afirma Fabiano Rodrigues, superintendente do Icasa.

O clube cearense e o alagoano já estavam no campeonato desde a última temporada, quando conseguiram escapar do rebaixamento, ocupado por forças bem mais tradicionais na zona intermediária do futebol como Brasiliense-DF, Santo André-SP, Ipatinga-MG e América-RN.

Agora, ainda ganharam a companhia dos pernambucanos, de um município com menos de 60 mil habitantes e a mais de 500 km do Recife.

"No futebol, tem que ter competência. Há muita equipe aí com grande torcida precisando se reestruturar", afirma Zé Guilherme, cartola e tesoureiro do Salgueiro.

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Icasa usou a panicat Babi Rossi, há uma semana, para lançar o seu novo uniforme
Icasa usou a panicat Babi Rossi, do "Pânico", há uma semana, para lançar o seu novo uniforme no interior do Ceará

"Não roubamos o lugar de ninguém. Conquistamos a vaga dentro do campo e aproveitando a evolução da região", completa, referindo-se a agremiações como Santa Cruz, Fortaleza, Paysandu, Remo, Juventude e América-RJ.

Atualmente, todos eles se encontram em divisões abaixo até da segundona, embora no top-40 no Ranking Nacional de Clubes da CBF. Enquanto isso, o Asa é 92º, o Icasa, 106º, e o Salgueiro, 146º.

Não bastasse o apoio da prefeitura e o momento nordestino, o terceiro representante de Pernambuco na Série B (ainda há Sport e Náutico, dois dos três grandes do Estado) também possui o amparo de uma das maiores banda de forró da região.

Da Limão com Mel, outro expoente da cidade, o Salgueiro recebe R$ 10 mil mensais, além de estrutura, força política e transporte, fato que invariavelmente proporciona episódios engraçados, segundo Zé Guilherme.

"Quando o elenco chega aos locais, dentro daquele ônibus preto, já rodado no Brasil inteiro, as meninas vêm, acham que são os músicos, mas se decepcionam porque não é a banda", ri.

O dono da "Limão" foi um dos fundadores da equipe.

Já a relação do Asa com o poder municipal é mais forte e lhe deu a hegemonia recente em Alagoas, à frente dos metropolitanos CRB e CSA.

BOLSA INJETA QUASE R$ 7 MI/MÊS NAS CIDADES

Um dos pilares do aumento de renda no Nordeste, o programa federal Bolsa Família destina R$ 6,8 milhões por mês para 61.753 famílias em Arapiraca, Juazeiro do Norte e Salgueiro, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social.

Metade da verba do projeto vai para a região.

Arapiraca-AL é a segunda cidade que mais cresce no Nordeste, Juazeiro-CE se apoia nas romarias para Padre Cícero e Salgueiro, inclusive citada pela "Economist", vê Pernambuco "voar" a taxas chinesas: 9,3% ao ano --contra 4,2% do Nordeste e 3,6% do Brasil.

Fonte: Folha

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